terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Mar, palavra e poesia em sessão com a escritora são-tomense Olinda Beja



          No âmbito da disciplina de Português, a convite do professor Sandro Nóbrega, estivemos presentes num encontro literário com a escritora Olinda Beja no dia 1 de dezembro, pelas 15 horas, no Cristo-Rei, Garajau. 
            Numa intervenção recheada de musicalidade, enriquecida com histórias das ilhas e do mar e com o sol a marcar presença, a escritora contou alguns dos contos da sua terra natal e da sua obra.
A iniciativa congregou, também, os professores do PAC de 9.º ano, uma vez que a atividade pretendia sensibilizar e angariar verbas para uma instituição de solidariedade de São Tomé.
No fim da sessão, fizemos uma surpresa à escritora, lendo textos de Sophia de Mello Breyner, Maria Aurora e da própria Olinda, para além de lermos um conto criado por nós próprios.



















sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Um lanche que nunca aconteceu

Os adultos sempre me disseram que eu gostava de comer muito, que o meu apetite parecia não terminar.
Por vezes achava que eles exageravam um pouco e que era impossível eu comer assim tanto. Pensava que as pessoas crescidas queriam apenas que lhes achasse piada…
Um dia, quando tinha três ou quatro anos, não me lembro bem, estava no jardim da casa da minha avó, junto a uma das escadas que sobem o relvado. Era pequeno, todas as coisas à minha volta pareciam enormes, como se fossem trepar para o céu. Por vezes não entendia bem como deveria olhar para elas e porque razões tinham de ser tão altas.
A hora do lanche aproximava-se. Quando a minha mãe, da parte de cima da escada, chamou para ir lanchar, pus-me em pé, acelerei escada acima sem pensar na altura dos degraus. Deviam ser enormes, porque tropecei, caí e magoei-me no lábio e nos dentes. Ficaram os adultos todos aflitos, a minha mãe agarrou em mim, que chorava agarrado ao seu “bebé” e, no carro, quase voámos para o hospital para que toda aquela dor parasse e, quem sabe, eu pudesse ainda ir lanchar.
Só que o dente que parti e um outro que ficou danificado fizeram com que o lanche não tivesse acontecido. Por isso, durante várias semanas, o meu apetite ficou à espera.

Mas valeu a pena. Fiquei bom e, até hoje, eu e o apetite somos inseparáveis. 

Pedro Luís

domingo, 8 de novembro de 2015

O sorriso que mudou o meu dia


Era um dia comum, uma manhã que apenas me torturava. 
Ia no carro com a minha mãe, no meu caminho habitual até à escola, até que ouvi no rádio algo diferente; o locutor dizia-nos para olharmos para aquele indivíduo do carro ao lado e sorrir, falar, fazer algo diferente. E, assim sendo, uns segundos depois, vejo as janelas dos carros a baixarem, incluindo a minha.
 Aquele nervosismo de fazer algo diferente, aquela antecipação de saber quem está do outro lado da janela, tudo isso ajudou a animar o meu dia. Ambos começámos a sorrir e a falar logo que as nossas caras se tornaram visíveis. Nunca antes tinha desejado que o sinal vermelho ficasse por mais tempo. Nunca me irei esquecer daquela cara, daquele novo amigo que fiz nesse dia.

  Gostei do que aconteceu? Sim. Gostaria que acontecesse de novo? Sim. Gostaria que acontecesse regularmente? Não. Se os acontecimentos especiais fossem comuns, então nada de especiais tinham e apenas se tornariam naqueles dias tediosos. 
Mas fico agradecido pelo amigo que recebi naquele dia.

César Freitas

Crónica muda

Saio da escola. Entro no carro. Fecho a porta. Arrancamos. 
Eu e a minha mãe somos os únicos ocupantes do veículo. Não dizemos nada, apenas a rádio faz com que o ambiente seja razoável. Vou o caminho todo à janela, mas não me agrada nada do que vejo.
Já ninguém sai para socializar com ninguém, já ninguém vai simplesmente apanhar ar puro, espairecer, refletir, estar consigo próprio um pouco. Limitam-se a estar em casa, fechados, sentados em frente à TV, ou agarrados às novas tecnologias, sem repararem no que está a acontecer lá fora.

Chego a casa como saí. Calado, mudo e com um objetivo como todos nós nos tempos de hoje. Mas não me apetece falar. Apenas fico, eu, aqui...

Sérgio Cruz

terça-feira, 12 de maio de 2015

O Rapaz do Pijama às Riscas


Como proposta de atividade do Plano Regional de Leitura, após a leitura da obra O Rapaz do Pijama às Riscas, de Jonh Boyne, decidimos organizar uma sessão de cinema para que todos pudessem conhecer a história e verificar as ligações entre a obra escrita e a obra cinematográfica. A sessão decorreu no dia 5 de maio, às 13h 25, no auditório da Escola.
Os alunos responsáveis pela apresentação desta obra enquadraram a ação num contexto histórico específico.


domingo, 8 de março de 2015

Minha querida Rose


Após a leitura de um excerto da obra O mundo em que Vivi, de Ilse Losa, foi sugerido aos alunos que escrevessem uma página de diário do avô Markus após a partida da sua neta. Aqui fica o trabalho da aluna Laura Quintal.


10 de março de 1987
Querido diário,
faz hoje um dia que a Rose foi embora. Os pais, ontem, vieram buscá-la. Usaram a argumentação de que os filhos pertencem aos pais e que Rose precisava de aprender a ler e a escrever.
Estava tão habituado a ir pô-la a dormir ou a dar-lhe o jantar. Embora tivesse cinco anos, ainda tinha as suas birras de menina. Esta noite que passou… bem, foi de longe a pior de todas. Senti-me sem metade de mim.
São quatro da tarde. A esta hora, ela estaria aqui, comigo, a comer bolachas ou a pedir para ver bonecos com ela. Ainda não tive coragem de falar com ela. Estou a sentir imensa falta daquela pequenina companhia.
Eu percebo que os pais dela não a queiram deixar com um velho como eu, mas… acho que ela poderia cá ficar! Iria dar-lhe tudo o que eles são capazes de lhe dar, uma boa educação (embora use o ‘’Se faz favor.’’, ‘’Obrigado!’’, ‘’Com licença.’’, etc.), uma boa aprendizagem (poderia aprender a ler e a escrever com a senhora Lebehuhn) e a avó podia ensiná-la a tocar diversos instrumentos, sendo uma antiga professora de música.
Aquela menina faz-me imensa falta, era a única coisa nova em mim (sim, porque com 75 anos não se vai para novo, de certeza). Isto está a dar-me imensas saudades e até ao escrever dá saudade e cansa-me. Decidi que vou ligar para a casa da nossa pequena Rose e falar com ela para saber se está a gostar.
Markus.