domingo, 8 de março de 2015

Minha querida Rose


Após a leitura de um excerto da obra O mundo em que Vivi, de Ilse Losa, foi sugerido aos alunos que escrevessem uma página de diário do avô Markus após a partida da sua neta. Aqui fica o trabalho da aluna Laura Quintal.


10 de março de 1987
Querido diário,
faz hoje um dia que a Rose foi embora. Os pais, ontem, vieram buscá-la. Usaram a argumentação de que os filhos pertencem aos pais e que Rose precisava de aprender a ler e a escrever.
Estava tão habituado a ir pô-la a dormir ou a dar-lhe o jantar. Embora tivesse cinco anos, ainda tinha as suas birras de menina. Esta noite que passou… bem, foi de longe a pior de todas. Senti-me sem metade de mim.
São quatro da tarde. A esta hora, ela estaria aqui, comigo, a comer bolachas ou a pedir para ver bonecos com ela. Ainda não tive coragem de falar com ela. Estou a sentir imensa falta daquela pequenina companhia.
Eu percebo que os pais dela não a queiram deixar com um velho como eu, mas… acho que ela poderia cá ficar! Iria dar-lhe tudo o que eles são capazes de lhe dar, uma boa educação (embora use o ‘’Se faz favor.’’, ‘’Obrigado!’’, ‘’Com licença.’’, etc.), uma boa aprendizagem (poderia aprender a ler e a escrever com a senhora Lebehuhn) e a avó podia ensiná-la a tocar diversos instrumentos, sendo uma antiga professora de música.
Aquela menina faz-me imensa falta, era a única coisa nova em mim (sim, porque com 75 anos não se vai para novo, de certeza). Isto está a dar-me imensas saudades e até ao escrever dá saudade e cansa-me. Decidi que vou ligar para a casa da nossa pequena Rose e falar com ela para saber se está a gostar.
Markus.