Após a leitura de um excerto da obra O mundo em que Vivi, de Ilse Losa, foi sugerido aos alunos que escrevessem uma página de diário do avô Markus após a partida da sua neta. Aqui fica o trabalho da aluna Laura Quintal.
10 de março de 1987
Querido diário,
faz hoje um dia que a Rose foi embora.
Os pais, ontem, vieram buscá-la. Usaram a argumentação de que os filhos
pertencem aos pais e que Rose precisava de aprender a ler e a escrever.
Estava tão habituado a ir pô-la a
dormir ou a dar-lhe o jantar. Embora tivesse cinco anos, ainda tinha as suas
birras de menina. Esta noite que passou… bem, foi de longe a pior de todas.
Senti-me sem metade de mim.
São quatro da tarde. A esta hora, ela
estaria aqui, comigo, a comer bolachas ou a pedir para ver bonecos com ela.
Ainda não tive coragem de falar com ela. Estou a sentir imensa falta daquela
pequenina companhia.
Eu percebo que os pais dela não a
queiram deixar com um velho como eu, mas… acho que ela poderia cá ficar! Iria
dar-lhe tudo o que eles são capazes de lhe dar, uma boa educação (embora use o
‘’Se faz favor.’’, ‘’Obrigado!’’, ‘’Com licença.’’, etc.), uma boa aprendizagem
(poderia aprender a ler e a escrever com a senhora Lebehuhn) e a avó podia
ensiná-la a tocar diversos instrumentos, sendo uma antiga professora de música.
Aquela menina faz-me imensa falta,
era a única coisa nova em mim (sim, porque com 75 anos não se vai para novo, de
certeza). Isto está a dar-me imensas saudades e até ao escrever dá saudade e
cansa-me. Decidi que vou ligar para a casa da nossa pequena Rose e falar com
ela para saber se está a gostar.
Markus.